sábado, 13 de setembro de 2014

Linha "Picasso" - Faianças de S. Roque

A manufactura Faianças de S. Roque, em Aveiro, foi criada em 1955 pelo ceramista João Lavado (1905-?), então sócio da Fábrica de Louças e Azulejos de S. Roque, dedicando-se exclusivamente à produção de louças decorativas e utilitárias.
João Marques de Oliveira, celebrizado no meio da cerâmica aveirense como João Lavado, afirma-se como pintor cerâmico na fábrica Aleluia. Nascido no ano da fundação desta empresa, aí inicia o seu percurso profissional aos 14 anos de idade, como aprendiz, depois de ter frequentado a Escola Comercial e Industrial Fernando Caldeira, em Aveiro, onde foi aluno de Gervásio Aleluia.
Ambos os filhos de João Aleluia (1876-1935), Carlos e Gervásio, foram professores nesta escola, aí recrutando, após devida formação, muitos dos trabalhadores que ingressavam na fábrica, contribuindo assim para a melhoria da qualidade de execução das peças produzidas.
O processo de aprendizagem de João Lavado evolui durante a sua estadia na fábrica Aleluia, experimentado e aprimorando as várias técnicas das artes cerâmicas, em especial a pintura artística de louça e azulejo. Chega à posição de mestre pintor c.1934, um ano antes da morte de João Aleluia, que deixará a fábrica nas mãos dos seus dois filhos. Em 1945, Lavado sairá da Aleluia, onde o seu lugar de responsável pela secção de pintura artística de azulejo será ocupado por Lourenço Limas (1912-1979). A sua saída tem o propósito de se envolver num novo projecto, integrando a Fábrica de S. Roque, fundada no final da década de 20, por Manuel da Silva e Justino Pereira Campos, localizada no canal de São Roque, unidade que virá a fechar portas em 2002.
Na sua fundação, a responsabilidade criativa e artística da Faianças de S. Roque ficará a cargo de João Lavado, desde a concepção das peças até ao seu acabamento, tanto no que diz respeito ao desenho e modelação, como à pintura. Cria várias linhas para produção em série, que conjugará com a produção de peças únicas e a resposta a encomendas específicas.



Faianças de S. Roque - Jarro/Canjirão, linha Picasso, 18 x 15 cm. © Oficina da Formiga



Faianças de S. Roque - Jarro/Canjirão,  linha Picasso, tardoz© Oficina da Formiga


Será na segunda metade da década de 50, que João Lavado criará uma linha decorativa a aplicar em formas convencionais, que ficará conhecida como linha Picasso. Nesta época era popular a expressão "à Picasso", usada para designar tudo aquilo que fosse considerado moderno, extravagante, abstracto ou que apenas constituísse uma ruptura com o tradicional. Esta designação será também usada por outras fábricas de faiança, para identificar as linhas de desenho moderno ou inovador. 
A pintura da linha Picasso era composta por uma paleta de cores fortes sobre branco com filetagem a preto. As pinceladas largas a vermelho, amarelo e verde, introduzem um ritmo na superfície exterior das peças, numa abordagem modernizada das clássicas estrias ou riscas verticais. Esta paleta de cores tornar-se-á uma das imagens de marca das Faianças de S. Roque, sendo curioso referir o cunho nacionalista desta combinação cromática, embora aplicada sem tal simbologia. Os interiores das peças eram esmaltados a amarelo vivo, característica até então pouco usual na louça de mesa produzida em Portugal, no entanto, já vista em alguns serviços fabricados para exportação, pela SECLA, Caldas da Rainha. 


Faianças de S. Roque - Tigela, linha Picasso, 16,5 x 10,5 cm© Oficina da Formiga



Faianças de S. Roque - Tigela, linha Picasso, tardoz© Oficina da Formiga


Faianças de S. Roque - Taça com asas, linha Picasso, 15 x 6 cm© Oficina da Formiga



Faianças de S. Roque - Taça com asas, linha Picasso, tardoz© Oficina da Formiga


Faianças de S. Roque - Taça com prato, linha Picasso© CC




Faianças de S. Roque - Taça com prato, linha Picasso© CC



Faianças de S. Roque - Taça com prato, linha Picasso, marca de fábrica© CC



Como normalmente acontecia, muitos operários pintores especializavam-se na pintura de determinadas peças, atingindo uma perícia técnica que lhes permitia uma rapidez de execução capaz de melhor rentabilizar a produção. Assim aconteceu com Flamínio dos Reis (n.1933), responsável pela pintura da maior parte das peças da linha Picasso, a tal ponto que quase ficaria conhecido pela alcunha de Picasseiro.
Concluindo o 4º ano da Escola Comercial e Industrial Fernando Caldeira, tendo como mestre João Lavado, Flamínio dos Reis ingressa na indústria cerâmica desde cedo, onde ocupará diversas posições ao longo dos tempos. Trabalhou como decorador, pintor, chefe de vendas e empresário, mantendo na actualidade o cargo de mestre pintor na Oficina da Formiga, em Ílhavo.
Vindo da empresa António Gomes Gonçalves da Vitória Lda., mais conhecida por Jarreto, Flamínio dos Reis, deu entrada na Faianças de S. Roque, em 1952, aos 19 anos, aí permanecendo até 1964. A linha Picasso é criada pouco tempo após a sua entrada, sendo-lhe destinada a execução da pintura, foi durante a sua permanência na fábrica que a linha se desenvolveu e foi comercializada. Em 1965, regressa à Jarreto, no ano seguinte trabalhará na Prantos & Moreira, Lda. e, entre 1966 e 1977, na Faianças da Capôa, Lda. Estabelecer-se-á por conta própria até 1979, ano em que se tornará sócio da Argilart - Artesanato e Decorações, Lda, onde permanecerá até 2005.

Na imagem abaixo podemos ver uma sala de pintura da Faianças S. Roque no início da década de 60. De pé ao centro, João Lavado retocando um prato e sentado Flamínio dos Reis pintando peças da linha Picasso.


Faianças de S. Roque, sala de pintura, início da década de 60. © Oficina da Formiga


Faianças de S. Roque - Várias peças de louça utilitária, linha Picasso. Olx


Fachada do antigo edifício da Faianças de S. Roque, Aveiro, 2012. © CMP



Faianças de S. Roque - marca de fábrica. © CMP


Faianças de S. Roque - marca de fábrica. © CMP

A marca de fábrica que vulgarmente a parece carimbada nas peças da linha Picasso é circular, tendo no centro a representação da cabaça com ou sem o bastão, insígnias de S. Roque. Na moldura exterior tem inscrito "Faianças de S. Roque, Lda - Aveiro".  



Actualmente a linha está a ser revisitada pela Oficina da Formiga, onde Flamínio dos Reis dá continuidade ao seu trabalho como pintor. As peças são inspiradas na produção de S. Roque, dela diferindo nos formatos e sobretudo porque a pintura é aplicada sobre um revestimento total a vidrado branco, ao contrário das peças Picasso originais, caracterizadas pelos seus interiores amarelo vivo. 



Mestre Flamínio dos Reis trabalhando na Oficina da Formiga. © Oficina da Formiga 



A Oficina da Formiga é um projecto criado em Ílhavo, em 1992, com a intenção de recuperar e reproduzir formatos e motivos decorativos de louça utilitária, oriundos na segunda metade do século XIX e primeira metade do século XX, provenientes de desaparecidas unidades industriais das regiões de Aveiro, Coimbra, Lisboa, Alcobaça, Caldas da Rainha e Gaia.
Os motivos decorativos usados na produção da Oficina são baseados em elementos naturais, tradicionais e folclóricos, sobretudo peixes, aves e flores. Recriados a partir de uma recolha de peças encontradas em casas particulares, antiquários, feiras de velharias, livros ou museus. As formas são também de base tradicional e os processos de conformação, pintura e vidragem são manuais, utilizando as mesmas técnicas usadas desde o século XIX.



Oficina da Formiga - Peças de louça utilitária da linha Picasso© Oficina da Formiga


Oficina da Formiga - Jarro/Canjirão grande, linha Picasso, 16 x 21,5 cm© Oficina da Formiga



Oficina da Formiga - Jarro/Canjirão grande, linha Picasso, tardoz. © Oficina da Formiga


Oficina da Formiga - Jarro/Canjirão pequeno, linha Picasso, 11 x 14 cm© Oficina da Formiga


Oficina da Formiga - Jarro/Canjirão pequeno, linha Picasso, tardoz© Oficina da Formiga


Oficina da Formiga - Taça de servir média, linha Picasso, 20 x 7,5 cm© Oficina da Formiga


Oficina da Formiga - Tigelas, linha Picasso, 13 x 7,5 cm e 16 x 9,5 cm© Oficina da Formiga


Oficina da Formiga - Tigela, linha Picasso, tardoz© Oficina da Formiga


Oficina da Formiga - Tigela, linha Picasso, tardoz© Oficina da Formiga


Oficina da Formiga - Peças de louça utilitária da linha Picasso© Oficina da Formiga



CMP* agradece a colaboração de Jorge Saraiva e do mestre Flamínio dos Reis, Oficina da Formiga, por todos os esclarecimentos prestados e pela preciosa informação e material documental disponibilizado, sem os quais esta publicação não teria sido possível.











domingo, 9 de fevereiro de 2014

Cavalo - Fernando da Ponte e Sousa - SECLA

Fernando da Ponte e Sousa (1902-1990) foi um dos sócios fundadores da SECLA (Sociedade de Exportação e Cerâmica, Lda.), nas Caldas da Rainha, em 1947.
Para além de o seu papel ter sido fundamental na construção e expansão desta unidade fabril, onde também desempenhou cargos de gestão, foi sobretudo um exímio modelador, tendo sido responsável por uma significativa quantidade de peças produzidas durante a primeira metade da década de 50.
Como já abordámos em publicações anteriores, Ponte e Sousa foi discípulo de Leopoldo de Almeida (1898-1975), tendo frequentado o seu atelier, onde adquiriu treino como escultor. Esta aprendizagem, a par do necessário conhecimento da História da Arte e da constante actualização em relação às tendências internacionais dominantes nas artes decorativas, permitiu-lhe desenvolver um conjunto de peças de características muito diversificadas, que marcaram a produção da SECLA durante os seus primeiros anos.




Fernando da Ponte e Sousa - cavalo estilizado, P.469, SECLA. © CMP



O "Cavalo estilizado", modelo P.469, que agora publicamos, mede 33 cm de altura e constitui um bom exemplo do ecletismo da primeira fase de produção da SECLA. 
Nesta época, a modelação de Ponte e Sousa oscilava sobretudo entre a gramática decorativa Art Déco, vinda da década de 30 e as reinterpretações de sabor neo-clássico e neo-barroco, afloradas na década de 40. No entanto, a sua produção considera ainda fortes influências da Banda-Desenhada, assimilando seguidamente as tendências do pós-Guerra, na criação de linhas para a produção corrente (serviços e outras peças utilitárias) como é o caso do serviço modelo SECLA, já aqui mostrado.



Fernando da Ponte e Sousa - cavalo estilizado, P.469, SECLA. © CMP

Fernando da Ponte e Sousa - cavalo estilizado, P.469, SECLA. © CMP

Fernando da Ponte e Sousa - cavalo estilizado, P.469, SECLA. © CMP

Fernando da Ponte e Sousa - cavalo estilizado, P.469, SECLA. © CMP



Graças a informações prestadas pelo mestre ceramista Herculano Elias (n.1932), que acompanhou os trabalhos na SECLA desde o seu início e a quem muito agradecemos a amabilidade da sua colaboração, sabe-se que este modelo tem por base uma matriz em madeira, o que justificará o tipo de modelação, como se de madeira talhada e torneada se tratasse.
Esta abordagem, que no seu material de origem funcionaria na perfeição, quando transposta para faiança levanta alguns problemas estruturais, já que as pernas longas e esguias da figura se tornam demasiado frágeis. Fragilidade essa que, a longo prazo, contribuiu para a raridade destas peças, sendo actualmente muito difícil encontrar exemplares intactos.



Fernando da Ponte e Sousa - cavalo estilizado, P.469, SECLA. © CMP

Fernando da Ponte e Sousa - cavalo estilizado, P.469, SECLA. © CMP

Fernando da Ponte e Sousa - cavalo estilizado, P.469, SECLA. © CMP


O desenho da figura é definido por um marcado sintetismo Art Déco, no entanto as suas linhas curvas e fluídas permitem-lhe uma longevidade estilística, adaptando-se facilmente ao gosto dominante nas décadas seguintes.
Nas imagens abaixo podemos observar como a simplificação do desenho da cabeça se aproxima do grafismo Art Déco, reduzindo a representação às suas linhas essenciais, como num pictograma. Tal como acontece no padrão têxtil abaixo representado, de origem britânica, anterior à Segunda Guerra Mundial.



Cavalo estilizado, P.469, SECLA, detalhe. © CMP

Cavalo estilizado, P.469, SECLA, detalhe. © CMP

Cavalo estilizado, P.469, SECLA, detalhe. © CMP


Padrão com cabeças de cavalo, estampagem têxtil, Inglaterra, Anos 30 a 40, autor desconhecido.



A peça 469 aparece num catálogo de fábrica da primeira metade da década de 50 descrita como "Cavalo estilizado", onde é mostrada em duas versões revestidas com esmaltes brilhantes e contrastantes. 
Acreditamos que a sua exequibilidade terá sido facilitada pelo uso da pasta feldespática, mais dura, menos porosa e muito mais resistente. No entanto, não terá sido fabricada em grandes quantidades, embora tenha sido reproduzida ao longo das décadas seguintes, ainda que em número limitado.



Fernando da Ponte e Sousa - cavalo estilizado, P.469, imagem retirada de uma cópia de um catálogo de fábrica, Anos 50.



A marca de fábrica "SECLA MADE IN PORTUGAL" aparece na parte inferior do abdómen, muito diluída pelo tipo vidrado utilizado.



Cavalo estilizado, P.469, marca de fábrica. © CMP



Este exemplar datará de finais das décadas de 60 a 70, uma vez que está vidrado a óxido de urânio, um esmalte muito usado pela SECLA até finais dos Anos 70.
O revestimento a óxido de urânio confere às peças uma textura visual particularmente atraente, explorando contrastes entre laranjas avermelhados muito luminosos e várias tonalidades de castanhos ocres pontilhados com reflexos metálicos, como podemos observar nas imagens abaixo.
Uma abordagem tardia, mais orgânica, que sucede à abordagem inicial, mais gráfica, típica da década de 50.



Cavalo estilizado, P.469, SECLA, detalhe do vidrado. © CMP

Cavalo estilizado, P.469, SECLA, detalhe do vidrado. © CMP


Cavalo estilizado, P.469, SECLA, detalhe. © CMP

Cavalo estilizado, P.469, SECLA, detalhe. © CMP



sábado, 18 de janeiro de 2014

Painéis da Casa da Conchas, Figueira da Foz

"Batida pelo grande mar, tendo à direita a bonançosa bahia de Buarcos e à esquerda os rochedos em que assenta o castello de Santa Catharina, que defende a foz do Mondego, a villa da Figueira offerece aos banhistas incomparaveis condições.
A povoação é rica pelo commercio do sal e pela exportação dos vinhos da Bairrada.
Uma companhia edificadora tem construido casas agradaveis, em um bairro novo junto à foz do Mondego, em sítio elevado e sadio. N'este bairro ha um hotel, Foz do Mondego, onde se recebem hospedes a 1$000 reis por dia.
A villa tem ainda mais dois hoteis, o Figueirense e o da Praça Nova, um pequeno theatro, uma praça de touros e dois clubs: a Assembleia Recreativa, no bairro novo, onde se dança às terças e sextas-feiras, e a Assembleia Figueirense, no antigo palácio dos condes da Figueira, onde se dança à quinta-feira e ao domingo.
Além das soirées nos dois clubs, as senhoras costumam organisar concertos e bailes. A soirée é uma das grandes preocupações d'esta praia, e não será por falta de contradanças que os banhistas deixarão de se regosijar n'este sitio.
As burricadas e os pic-nics a Buarcos, ao farol da Guia, ao palacio de Tavarede, vão-se tornando cada vez mais raros.
Por uma disposição superior, cujo alcance debalde nos exforçamos por attingir, é prohibido o ingresso dos burros no interior da villa, o que não obsta a que lá entrem muitos - disfarçados.
(...) Na Figueira, entre a população fixa, que habita a antiga villa e frequenta a Assembleia Figueirense, e a população fluctuante, que habita principalmente o bairro novo e frequenta a Assembleia Recreativa, não ha hostilidades, mas existe uma forte emulação provinciana, que se descarrega muitas vezes em pequenos episodios dignos de Dickens ou de Balzac."

Ramalho Ortigão, "As Praias de Portugal", Magalhães & Moniz Editores, 1876. Págs. 107 a 108.



Casa da Conchas - Esplanada António da Silva Guimarães, Figueira da Foz. © CMP


Cerca de quarenta anos após a publicação de "As Praias de Portugal" de Ramalho Ortigão, seria edificada no chamado Bairro Novo, a Casa das Conchas.
Situado em local privilegiado, a Esplanada António da Silva Guimarães, erigida em memória do oficial da marinha mercante e empreendedor da exploração das minas e indústrias do Cabo Mondego, o complexo composto pela Casa da Conchas, o antigo edifício do turismo e o Castelo Engenheiro Silva, é testemunho das transformações sócio-culturais operadas na Figueira da Foz, na transição entre os séculos XIX e XX, fazendo notar o gosto ecléctico de uma tipologia arquitectónica de habitação privada de veraneio, completamente distinta do restante aglomerado urbano.
Esta diversidade construtiva ir-se-á disseminar durante a primeira metade do século passado, dando origem à rica variedade do edificado que constitui o tecido urbano do Bairro Novo, com exemplares revivalistas, historicistas, de influências Arte Nova, Art Déco e até bauhausianas.



Bilhete postal, ed. José dos Santos Alves, com data anterior a 1928. Figueira Digital


Bilhete postal, década de 40. Figueira Digital


A Casa da Conchas deve o seu nome ao remate do topo da fachada, guarnecido com uma fileira de elementos escultóricos em forma de concha de vieira (nome cientifico Pecten maximus). A temática marinha estende-se ao conjunto azulejar organizado segundo um friso horizontal ao longo de toda a fachada, imediatamente acima das janelas do segundo piso e um conjunto de painéis distribuídos sobre as janelas do piso térreo.
Os recursos estilísticos Arte Nova dominam a composição, em entrelaçados fitomórficos de linhas ondulantes, simulando algas que enquadram espécimes da fauna marinha ou a ela associados, várias espécies de peixes, búzios, gaivotas, caranguejos, etc.
Esta concepção não encontra correspondência na restante decoração da fachada, de composição rectilínea com alguns elementos classicizantes, contribuindo para uma mistura sóbria mas ecléctica.


Casa da Conchas, Figueira da Foz - friso azulejar, detalhe. © CMP


Casa da Conchas, Figueira da Foz - friso azulejar, detalhe. © CMP


Casa da Conchas, Figueira da Foz - friso azulejar, detalhe. © CMP


Casa da Conchas, Figueira da Foz - friso azulejar, detalhe. © CMP


Desconhecemos qual a fábrica responsável pela produção deste conjunto azulejar, bem como os seus autores ou autor. No contexto português a sua originalidade é notória, bem como o cuidado na representação fiel ou caracterização das espécies, todas elas diferenciadas e provavelmente reproduzidas a partir de gravuras científicas.



Casa da Conchas, Figueira da Foz - friso azulejar, detalhe. © CMP


Casa da Conchas, Figueira da Foz - friso azulejar, detalhe. © CMP


Casa da Conchas, Figueira da Foz - friso azulejar, detalhe. © CMP


Casa da Conchas, Figueira da Foz - friso azulejar, detalhe. © CMP


Casa da Conchas, Figueira da Foz - friso azulejar, detalhe. © CMP


Casa da Conchas, Figueira da Foz - friso azulejar, detalhe. © CMP


Os painéis, embora em razoável estado de conservação, apresentam já algumas lacunas e azulejos erradamente posicionados. Aparentemente a fachada terá sido alvo de recente intervenção de restauro, sendo que numa das varandas do último piso foram incompreensivelmente colocadas guardas em betão, completamente desintegradas do contexto.


Casa da Conchas, Figueira da Foz - painel de sobrejanela. © CMP


Casa da Conchas, Figueira da Foz - painel de sobrejanela. © CMP


Casa da Conchas, Figueira da Foz - painel de sobrejanela. © CMP


Casa da Conchas, Figueira da Foz - painel de sobrejanela. © CMP


Casa da Conchas, Figueira da Foz - painel de sobrejanela. © CMP


Casa da Conchas, Figueira da Foz - painel de sobrejanela. © CMP
 

Casa da Conchas, Figueira da Foz - Vista parcial com placa toponímica. © CMP


Recentemente reabilitada a Esplanada António da Silva Guimarães, na sua longa plataforma virada a poente, mantém-se o lugar privilegiado para usufruir de uma abrangente panorâmica sobre a costa, desde entrada da barra até ao Cabo Mondego. 
A Casa das Conchas, actualmente transformada em edifício de apartamentos é testemunho de uma época dourada, da estância balnear cada vez mais descaracterizada que é a Figueira da Foz. 
Novas construções de escala desmesurada ou obras de remodelação mal conduzidas podem ser fatais para uma povoação que cresceu e formou a sua personalidade no cuidado dos pequenos detalhes. Façamos votos para que a conservação seja uma realidade, que os bons exemplos arquitectónicos prevaleçam e que aqueles que abusivamente vieram contaminar o seu território, sejam erradicados.


Casa da Conchas, Figueira da Foz - painel de sobrejanela. © CMP


Casa da Conchas, Figueira da Foz - painel de sobrejanela. © CMP